quarta-feira, 21 de maio de 2008

Plenilúnio

As horas pela alameda
Arrastam vestes de seda,

Veste de seda sonhada
Pela alameda alongada

Sob o azular do luar...
E ouve-se no ar a expirar

A expirar mar nunca expira
Uma flauta que delira,

Que é mais a ideia de ouvi-la
Que ouvi-la quase tranquila

Pelo ar a ondear e a ir...
Silêncio a tremeluzir...

Fernando Pessoa

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O que é a Guerra Fria?

Na Sexta-feira passada, faltavam cerca de 45 minutos para o teste de história, quando surge o seguinte diálogo:

Joana Santos: - O que é que sai no teste de história?
Joana Teixeira: - Dah!!! A parte da Guerra Fria...
Joana Santos: - E o que é isso?
Joana Teixeira: - Então... é fácil... era quando não existiam aquecedores...



Ass.: Sofia Monteiro

terça-feira, 6 de maio de 2008

"Uma Turma Perfeita"

Todos os dias somos surpreendidos por algo...
Desta vez, descobrimos que o Diogo (Cardoso), além de já ter demonstrado que consegue voar no seu primeiro filme, também decidiu dedicar-se por momentos à poesia... E aqui fica o resultado final:


Uma Turma Perfeita

O Pedro é goloso
O Carlos preguiçoso
A Luciana é animada
A Brochado é bem-humorada
O Luís é o mais falador
e o Rui é conquistador
A Ana Bárbara é estudiosa
e a Morim muito carinhosa
A Priscila é morena
e a Rita é serena.
O Rodrigo não é calminho
e o David acorda "cedinho"
O Félix está sempre contente
e o André é sorridente
A Sónia é esquecida
e a Carla muito atrevida
A Vânia quer ser conhecida
A Sara é uma delegada brilhante
e o Diogo tem que escolher uma amante
A Joana é nadadora
A Diana quer ser doutora
O Diogo é porreiro
e a Daniela anda contente o dia inteiro
A Sofia toca guitarra
e a Alexandra é muito animada
A Lila tem olhos cor do mar
A Catarina não pára de falar
O amarelo da Joana é notável
e a Magda é adorável

(by Diogo Cardoso)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

"A Cidade dos Poços" (parte final)


"(...) E também chegou à água...
E também salpicou até ao exterior criando um segundo oásis verde no povoado...
— Que vais fazer quando a água acabar? — perguntavam-lhe.
— Não sei o que se passará — respondia ele. — Mas, por agora, quanto mais água tiro, mais água há.
Passaram-se uns meses antes da grande descoberta.
Um dia, quase por acaso, os dois poços deram-se conta de que a água que tinham encontrado no fundo de si próprios era a mesma...
Que o mesmo rio subterrâneo que passava por um inundava a profundidade do outro.
Deram-se conta de que se abria para eles uma vida nova.
Não somente podiam comunicar um com o outro de parapeito em parapeito, superficialmente, como todos os outros, mas a busca também os tinha feito descobrir um novo e secreto ponto de contacto.

Tinham descoberto a comunicação profunda que somente conseguem aqueles que têm a coragem de se esvaziar de conteúdos e procurar no fundo do seu ser o que têm para dar..."

FIM


Jorge Bucay
Contos para pensar
Cascais, Editora Pergaminho, 2004


Ass.: Ana Brochado

sábado, 26 de abril de 2008

"A Cidade dos Poços" (parte III)

"Nunca antes nenhum outro poço tinha encontrado água.
O poço venceu a sua surpresa e começou a brincar com a água do fundo, humedecendo as suas paredes, salpicando o seu parapeito e, por último, atirando a água para fora.
A cidade nunca tinha sido regada a não ser pela chuva, que na verdade era bastante escassa. Por isso, a terra que estava à volta do poço, revitalizada pela água, começou a despertar.
As sementes das suas entranhas brotaram em forma de erva, de trevos, de flores e de hastezinhas delicadas que depois se transformaram em árvores...
A vida explodiu em cores à volta do poço afastado, ao qual começaram a chamar «o Vergel».
Todos lhe perguntavam como tinha conseguido aquele milagre.
Não é nenhum milagre — respondeu o Vergel. — Deve procurar-se no interior, até ao fundo.
Muitos quiseram seguir o exemplo do Vergel, mas aborreceram-se da ideia quando se deram conta de que para serem mais profundos, se tinham de esvaziar. Continuaram a encher-se cada vez mais de coisas...
No outro extremo da cidade, outro poço decidiu correr também o risco de se esvaziar...
E também começou a escavar... (...)"

Continua...
Ass.: Ana Brochado

sexta-feira, 25 de abril de 2008

quinta-feira, 24 de abril de 2008

" A Cidade dos Poços" (Parte II)


" (...) O tempo passou.
A maioria dos poços encheu-se a tal ponto que já não podia conter mais nada.
Os poços não eram todos iguais, por isso, embora alguns se tenham conformado, outros pensaram no que teriam de fazer para continuar a meter coisas no seu interior...
Um deles foi o primeiro. Em vez de apertar o conteúdo, lembrou-se de aumentar a sua capacidade alargando-se.
Não passou muito tempo até que a ideia começasse a ser imitada. Todos os poços utilizavam grande parte das suas energias a alargar-se para criarem mais espaço no seu interior. Um poço, pequeno e afastado do centro da cidade, começou a ver os seus colegas que se alargavam desmedidamente. Ele pensou que se continuassem a alargar-
-se daquela maneira, dentro em pouco confundir-se-iam os parapeitos dos vários poços e cada um perderia a sua identidade...
Talvez a partir dessa ideia, ocorreu-lhe que outra maneira de aumentar a sua capacidade seria crescer, mas não em largura, antes em profundidade. Fazer-se mais fundo em vez de mais largo. Depressa se deu conta de que tudo o que tinha dentro dele lhe impedia a tarefa de aprofundar. Se quisesse ser mais profundo, seria necessário esvaziar-se de todo o conteúdo...
A princípio teve medo do vazio. Mas, quando viu que não havia outra possibilidade, depressa meteu mãos à obra.
Vazio de posses, o poço começou a tornar-se profundo, enquanto os outros se apoderavam das coisas das quais ele se tinha despojado…
Um dia, algo surpreendeu o poço que crescia para dentro. Dentro, muito no interior e muito no fundo... encontrou água! (...)"

Continua...

Ass.: Ana Brochado
Sofia Monteiro